Blog do Marcelão

Blog para debate sobre excelência na gestão.

Transferência de poder e nova postura do profissional

Posted by Marcelão em maio 6, 2008


Pessoal,

quem acompanha esse blog, já deve ter identificado que um dos assuntos que mais gosto de escrever é sobre as transformações que estão ocorrendo na sociedade e que traz consequências para o ambiente de competição em que as empresas vivem hoje em dia. Mudanças essas que geram a necessidade de identificação e formação de um novo profissional dentro das empresas. Um profissional com atitude mais participativa nas decisões das empresas, com mais atitude empreendedora( clique aqui para ler sobre isso).

Primeiro, vamos trazer para análise os conceitos apresentados pelo pesquisador americano Alvin Toffler que são concentrados na temática da mudança.

Toffler baseias suas pesquisas no que acontece com às pessoas quando toda a sociedade se transforma abruptamente em algo novo e inesperado, além do efeito dessas transformações nas organizações. Entre seus estudos, destacam-se os três livros lançados por ele que são “O Choque do futuro”, “A terceira onda” e “Powershift”. Nesse post, vamos nos concentrar nos dois ultimos trabalhos que são os mais recentes.

“A terceira onda” fala das três ondas existentes na história da humanidade e que foram importantes para o desenvolvimento humano. A primeira onda foi denominada como a revolução agricola que trouxe a transformação do ser-humano em uma figura do caçador-coletor, que precisa sair a caça do seu alimento para sobreviver, para o agricultor organizado proporcionando a estabilidade e a segurança necessárias para o desenvolvimento das artes e da tecnologia, que são a base da sociedade como a conhecemos hoje.

Para efeito de comparação com as outras ondas, o trabalho na agricultura permite ao trabalhador acompanhar todo o processo de produção, desde o momento que ele espalha as sementes dos produtos, passando pela colheita e finalizando com a venda do produto, permitindo a esse trabalhador uma visão completa de todo o processo, além de ter o feedback do consumidor no momento da venda possibilitando a esse trabalhador rever o seu processo a fim de atender as exigências do consumidor apresentadas quando da venda do produto.

No entanto, os bens produzidos não eram suficientes para atender a todos que deles necessitassem, ou que os desejassem, prevalecendo a escassez. A partir desse fato, iniciou-se um movimento para aumentar o volume de produção, com a mecanização das oficinas, que se transformaram nas primeiras fábricas. Trata-se da segunda onda, a revolução industrial.

Na revolução industrial, passou a prevalecer a produção em série, com redução de custos, que tornava os produtos acessíveis a um número bem maior de consumidores, muitos dos quais integrantes de uma nova classe social que surgia, a dos assalariados. A revolução industrial teve o mérito de dar um fantástico salto à frente nos métodos de produção e na organização do trabalho.

Por outro lado, a revolução industrial trouxe alguns malefícios onde podemos citar algumas consequências como o afastamento de boa parte da empresa da percepção de necessidade do consumidor o que levou o homem a ter uma visão fragmentada do processo. Se utilizarmos a fazenda como analogia, é como se eu tivesse uma pessoa para semear, outra para irrigar o terreno, outra para colher e outra pessoa para vender o produto. Cada um desses atores passou a ter a visão apenas da funcionalidade atribuida a ele perdendo a visão do todo e do significado e importância que a sua tarefa tinha para o todo. A imagem mais emblemática desse período é o filme de Charles Chaplin chamado “Tempos modernos”.

A terceira onda trata da revolução da informação, dos profundos efeitos que a tecnologia da informação e a biotecnologia trazem para a economia, e as mudanças que hoje vemos acontecer com os métodos de fabricação, marketing e padrões de trabalho.  Mudanças essas que permitem a geração de novas oportunidades como o marketing de nicho e o aumento do poder do consumidor. Até cunhou um novo termo chamado “prosumidor” que é o consumidor como produtor (clique aqui para ler sobre isso). Apenas para exemplificar, esse blog é um exemplo de consumidor e produtor, pois gera conteúdo e consome conteúdo ao permitir que ele localize e seja localizado por pessoas que possuem os mesmos interesses referentes a excelência da gestão.

Toda essa mudança proporcionada pela terceira onda traz profundas mudanças na questão do poder, não se limitando apenas a transferência do poder das empresas para os consumidores, mas também do alto escalão da empresa para o trabalhador do conhecimento, mas também de uma mudança profunda na própria natureza do poder. Esse é o trabalho apresentado no terceiro livro chamado “Powershift”.

Esse trabalho apresenta as três fontes básicas de poder : violência, riqueza e conhecimento. Podemos utilizar esse conceito e aplica-los as três ondas onde a violência foi o poder que imperou antes da primeira onda, pois o homem precisava caçar para sobreviver e nesse ambiente ganhava o mais forte. Na revolução agricola e industrial imperou o poder da riqueza onde as pessoas com maior “salário” eram quem determinava os destinos da empresa.

Já a crescente importância do conhecimento provocou mudança no equilibrio entre elas, pois com a revolução da informação potencializada pela Internet, a informação passou a estar disponível em larga escala e com maior facilidade de acesso. Junta-se a isso o crescente número de pessoas que tiveram acesso a cursos de nível superior e temos ai um maior nivelamento do conhecimento entre as pessoas. Deter o conhecimento passa a ser o diferencial competitivo das empresas e das nações. Para se ter idéia dessa mudança, existem empresas onde quem ganha os maiores salários ou recompensas são aqueles que detém maior conhecimento e não aqueles que estão nos níveis mais superiores das organizações.

Outra mudança identificada por Toffler é a reversão das tendências das soluções de massa predominantes no final do século XX com o surgimento do marketing de nicho e da exigência dos consumidores por soluções mais customizadas o que leva as grandes empresas a serem divididas em unidades pequenas e autônomas.

Daí podemos concluir que toda essa transformação exige uma nova postura do profissional que trabalha dentro das empresas, posturas essas abordadas em outros tópicos desse blog como nos posts sobre empreendedorismo corporativo (clique aqui para acessar), empreendedorismo corporativo e o gerente de projetos (clique aqui para acessar), empreendedorismo e inovação e projetos (Clique aqui para acessar). Uma postura mais próativa, uma visão mais conectada com o mundo, mais participativa das decisões das empresas o que exigirá a contra-partida que é assumir responsabilidades.  Exigirá também uma nova postura dos gerentes das empresas, uma postura que saiba trabalhar com a diversidade de opiniões, trabalhe com a motivação no sentido de identificar o motivo para ação de cada colaborador, uma postura que coloque o conhecimento em ação, afinal de contas, uma empresa na mais é do que um portfólio de competências a serviço da sociedade.

Um abraço.

Leia também os seguintes posts :

Revolução na sociedade – > Clique aqui para acessar;

Quanto vale uma empresa da nova economia? – > Clique aqui para acessar;

A sua empresa é do século XXI? – > Clique aqui para acessar;

Livro : Desafios gerenciais do século XXI – > Clique aqui para acessar;

Como transformar sua empresa em uma empresa adaptável aos novos tempos? – > Clique aqui para acessar;

Época de mudança ou mudança de época? – > Clique aqui para acessar;

Livro : O lider do futuro – > Clique aqui;

17 Respostas to “Transferência de poder e nova postura do profissional”

  1. ronaldocgq said

    Isso não foi um post, Marcelão!
    Isso foi uma palestra, uma aula sobre a revolução do conhecimento! Faz tempo que identifico essa tendência de valorização das pessoas que acumulam conhecimento e canalizam na solução de problemas e inovação: o tão aclamado pró-ativo.

    Faz alguns anos, durante um corte de funcionários na empresa, que comente com minha esposa: “Ninguém é insubstituível, o que dá para fazer é se tornar alguém difícil de ser substituído.” – Acredito que essa é a postura do homem pró-ativo, e busco me espelhar nela.

  2. marcelao said

    Ronaldo,

    você acertou.

    Na verdade, esse post é um resumo de uma palestra que fiz ontem na área de tecnologia do Banco do Brasil.

    Obrigado pelos seus comentários.

    Um abraço.

  3. Jefferson said

    Excelente post com ótimo conteúdo, demonstrando de forma clara e objetiva a importância do conhecimento. Sem contar a aula sobre as “três ondas”.

    Abraços

  4. […] Transferência de poder e nova postura do profissional – > Clique aqui para ler; […]

  5. […]                O livro também é complemento a obra de Stephen Covey, autor dos livros “Os sete hábitos das pessoas altamente eficazes” e “O oitavo hábito”, captando a idéia de sua obra que é focada essencialmente na liderança pessoal, no aprendizado individual e no crescimento pessoal buscando a autogestão, deixando de basear-se nos outros devido ao aumento da necessidade de independência, individualismo e autonomia que os tempos atuais de mudanças aceleradas exigem (leia o Post “Transferência de poder e nova postura do profissional”). […]

  6. […] Transferência de poder e nova postura do profissional – > Clique aqui para ler; […]

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  10. Paula said

    Parabéns pelo blog!! É impressionante! Já ouviu falar da “4ª onda” – Produtividade de Capital??? Estou buscando maiores informações. Qq acréscimo é válido… Um abraço.

  11. eduarda said

    parabens pelo seu blog, vc parece ser legal…um beijo

  12. […] A transformação pela qual vem passando a sociedade contemporânea, no que se intitulou Era da Informação, requer uma nova postura dos gerentes das empresas, uma postura que saiba trabalhar com a diversidade de opi… […]

  13. […] – Transferência de poder e nova postura do profissional – > Clique aqui para ler; […]

  14. […] em complexidade de forma assustadora, o que exige, literalmente, novas formas de pensar e agir(veja mais sobre isso aqui). Menos de 50% disseram acreditar que suas organizações estejam equipadas para lidar efetivamente […]

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