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A diferença entre auto-confiança e arrogância

Posted by Marcelão em setembro 5, 2008


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Pessoal,

               durante as olimpíadas de Pequim, nosso nadador medalha de ouro, Cesar Cielo, foi entrevistado pelo repórter da Rede Globo logo após ganhar a medalha de bronze nos 100 metros livres. A última pergunta feita foi sobre os próximos passos, ou seja, a prova dos 50 metros livres. A resposta foi : “Agora eu vou atrás do ouro”. O resto vocês já sabem.

               Essa resposta do Cesar foi considerada arrogante por alguns e de muita confiança em si mesmo por outras pessoas. A pergunta é: Qual a diferença entre a arrogância e a auto-confiança?

               Segundo a Wikipedia, arrogância é o sentimento que caracteriza a falta de humildade. É comum identificar a pessoa que apresenta este sentimento como alguém que não deseja ouvir os outros, aprender algo de que não saiba ou sentir-se ao mesmo nível do seu próximo. São sinônimos, o orgulho excessivo, a soberba, a altivez, o excesso de vaidade pelo próprio saber ou o sucesso.

               No caso do Cesar, a minha opinião é de que a declaração dele foi de extrema confiança em si mesmo. Arrogância para mim nesse caso seria ele sentir-se como o melhor do mundo e não treinar para isso. O arrogante acha que sabe tudo e que não precisa de ninguém para ajudá-lo. Confundem o fato de serem donos do poder com donos da verdade e esquecem-se que não existem verdades, mas sim hipóteses que ainda não foram refutadas.

               Para ilustrar, cito um post que meu amigo Carlos Meira, da comunidade “Q3 – no mundo da excelência” (clique aqui para acessar a comunidade), citou sobre uma palestra do Amyr Klink. O Amyr Klink estudou economia e começou a velejar aos 30 anos. Contrariando engenheiros navais de escolas de primeira linha, projetou um mastro e até ganha dinheiro com a patente. O tal mastro era considerado inviável. Ele deu a volta ao mundo com o impossível. Superou a arrogância técnica dos técnicos.

               Outro caso de arrogância de grandes técnicos e também de auto-confiança foi citado no livro “O futuro da administração” (clique aqui para ler o resumo) de Gary Hammel. O autor conta um fato acontecido com dois médicos australianos que descobriram a causa da úlcera.

               Havia uma crença na comunidade médica que a causa da úlcera eram alimentos apimentados, estresse e bebida alcoolica. No entanto, Dois médicos australianos chamados Barry Marshall e Robin Warren propuseram uma explicação alternativa de que as úlceras eram causadas por uma bactéria mínima o que fez com que a comunidade médica reagisse com descrença arrogante. Afinal de contas, nada poderia sobreviver no ambiente ácido e estéril do estomago. Outro fator que levou a descrença que os dois australianos trabalhavam em um hospital e não em um laboratório de prestígio, além de um deles ser apenas um residente de trinta e poucos anos e nem era um especialista em gastroenterologia.

               Mas esses médicos eram extremamentes confiantes e insistiram na tese, pois eles sentiam extremamente frustrados com o sofrimento dos pacientes com a úlcera. Então eles começaram a acumular evidências.
               Um dia, por acidente, uma das culturas de bactérias ficou sem supervisão por mais tempo que devia e quando lembraram dela, ela estava cheia de germes. Como não podia testar úlceras em animais, o intrépido inovador ingeriu ele mesmo uma dose. Três dias depois ele apresentou os sintomas da úlcera.
A partir daí, eles desenvolveram um tratamento baseado em antibiótico e, em algumas semanas, a úlcera havia sido erradicada. Os médicos apresentaram sua experiência em um congresso em Bruxelas e foram tratados como “LOUCOS”. 

               Passaram-se anos até que o trabalho desses médicos fosse reconhecido. Finalmente, em 2005, mais de vinte anos depois da primeira experiência, os dois médicos tiveram o reconhecimento pelo trabalho e ganharam o prêmio Nobel de medicina.

               Como no caso do Amyr Klink e dos comunidade médica quanto as experiências dos dois médicos australianos, ficou demonstrado que o arrogante é que aquele sujeito que não tem dúvidas, só certezas. Esquecem-se que quem só tem certezas, está cristalizado, está dentro de uma redoma para se proteger. O arrogante tem uma opinião irreal sobre suas próprias habilidades, considera os outros inferiores e usa a sua própria arrogância como uma forma de manifestar sua própria insegurança.

               Já o auto-confiante confia muito em si porque ele se prepara para realizar seus projetos. Está sempre procurando melhorias. Está sempre se questionando, não aceita verdades absolutas, tem a mente aberta. Sabe que precisa combater sua arrogância ouvindo e aprendendo de maneira humilde com qualquer pessoa do seu circulo de convivio social. Sabe que reconhecendo as forças dos outros é o primeiro passo para aprender com eles.

              Acontece muito também de confundirmos o auto-confiante com o arrogante como alguns fizeram no caso do Cesar Cielo, pois a fronteira entre elas é uma linha muito tênue e é facilmente ultrapassada. Nesse caso, todos temos que sempre estar nos vigiando quanto as nossas atitudes arrogantes. Eu mesmo já fui acusado de ser arrogante. Embora eu estivesse certo na maioria dessas ocasiões (não é arrogância da minha parte), a minha postura foi de extrema arrogância comportando-me como o dono da verdade, quando você é apenas dono de parte da verdade.

              Como disse meu amigo Waldemar, criador da comunidade Q3 : “Acredito que o que separa a arrogância da auto-confiança começa com a atitude de respeito ao próximo por parte de quem comunica. O mesmo conteúdo pode parecer arrogante quando a atitude do comunicador é de superioridade e menosprezo, e não de colaboração, compartilhamento ou ajuda na solução do tema em questão.”

              Agora, transportando esse assunto para dentro das empresas, peço a vocês que reflitam : Quanto que a arrogância, de algumas pessoas no alto escalão das empresas, não está atrapalhando o aumento da produtividade dos funcionários das empresas? Quanto a falta de humildade de alguns gestores impede que eles aprendam a delegar responsabilidades?

              Para fechar, cito uma frase do filosófo Mario Sergio Cortella e uma sobre os três caminhos para o fracasso ditas por São Beda e citada por Cortella em suas palestras :

              “Mente humana é igual pára-quedas, funciona melhor aberta”.

              Citação de 3 caminhos para o fracasso :

              – Não ensinar o que sabe;
              – Não praticar o que sabe;
              – Não perguntar o que não sabe;

Um abraço.

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